Pingo D’agua começou a anunciar mortes na cidade depois de assistir a filme de Guerra
Por Alfredo Henrique
O que uma dupla sertaneja tem haver com a morte? A princípio, nada. Mas o nome “Pingo D’agua” é conhecido há muito tempo em Américo Brasiliense, mais por causa de óbitos do que pela música.
Angelo Fais, 59 anos, mais conhecido como Pingo D’agua divulga em um carro de som as mortes ocorridas na “Cidade Doçura”, há mais de 30 anos. O nome surgiu quando ele cantava com outro companheiro, com o qual formou a dupla sertaneja “Pingo D’agua e Ramo Verde.”
Origem
Tudo começou na década de 70 do século passado, quando Pingo assistiu a um filme de guerra e notou que um carro de som indicava para as personagens um toque de recolher. “Gostei da ideia do carro de som e decidi fazer o mesmo trabalho na cidade”, relembra Pingo.
O primeiro anúncio que Pingo D’agua narrou em Américo foi sobre um cão perdido. “O dono me procurou e pediu para que eu anunciasse sobre um cachorro perdido.”
Primeira morte
A primeira morte anunciada no carro de som dele foi de um ameriliense que Pingo não quis identificar, com receio de que a família se sentisse incomodada. “Não vou falar o nome do primeiro morto, sobre o qual falei no carro de som. Mas me lembro que a família dele me procurou e disse que ele merecia um velório cheio de gente. Abracei a ideia e divulguei a morte dele”, revelou.
Além de anunciar as mortes, Pingo D’agua também faz homenagens dentro do cemitério e no velório, caso a família do falecido queira.
Pioneiro
Segundo ele, ele foi a primeira pessoa no Brasil a utilizar um carro de som para divulgar mortes. Isso valeu para Pingo vários convites de entrevistas em emissoras de televisão. “O programa que mais gostei de participar foi do Jô (Soares – da rede Globo).”
Ele ainda revelou que no início fazia cerca de quatro trabalhos por ano. Atualmente, ele revelou que divulga cerca de cem mortes anualmente na cidade. “Isso é um sinal de que Américo está crescendo”, disse.
Pingo D’agua começou como radialista em uma emissora de Araraquara e na extinta Rádio Cidade de Américo. Além disso, ele trabalhou como redator no jornal Correio da Região.
Ele é casado e gerou um casal de filhos. Pingo ainda revelou que não irá gravar o próprio obituário, diferentemente do que afirmou para um jornalista da Rede Record. “Ele perguntou se eu tinha intenções de falar sobre minha própria morte. Afirmei que já tinha gravado, mas fiz isso para assustar o repórter.” Para contratar os serviços de Pingo D’agua basta ligar para o telefone (16) 9713.0858.